domingo, 4 de outubro de 2009

Literatura e Teatro

Teoricamente Literatura e Teatro estão diretamente ligadas mas seguirão por caminhos distintos. valendo-se da força que a palavra tem a literatura utiliza-se de figuras de linguagens para a construção de texturas cênicas. A leitura como tal exerce o seu papel político. Cabe ao sujeito desenvolver o seu papel no campo socio histórico para apresentar o teatro e a literatura nos caminhos distintos com relação a intencionalidade de cada texto, que sempre estão carregados de valores e interesses, e por isso, a literatura e o teatro proporcionam percepções de mundo, contradições, e utopia. Como ressalta (SOUZA, 2003: 149): a imaginação da criança, trabalha subvertendo a ordem estabelecida, pois impulsionada pelo desejo e pela paixão, ela está sempre pronta para mostrar uma outra possibilidade de apreensão das coisas do mundo e da vida.

No texto está a possiblidade de formação do leitor e a exigência da participação ativa. O leitor, assim como o público mergulham na obra e emocionam-se com a história. fazem ligações com outras obras, comparam, questionam, discutem, envolvem outras pessoas e a sí mesmos, dramatizam, vivem com força na dramatização, brincam e representam diversos personagens, e mundos diferentes, conferindo a essas atividades a possibilidade, o auto conhecimento e auto expressão indispensáveis para o desenvolvimento da pessoa.




Gêneros literários:

A literatura começou a existir no Brasil através da colonização européia pelos portugueses. Até então, a literatura portuguesa, formada e influenciada pela literatura greco-romana, seguia a tradição da divisão padronizada dos gêneros literários, a qual se fundamentou nos dias de hoje por meio do filósofo Aristóteles. Esta separação facilita a identificação das características temáticas e estruturais das obras, sejam elas em prosa (nome que se dá à forma de um texto escrito em parágrafos) ou em verso (cada uma das linhas que constituem um poema). Logo, quanto ao conteúdo (tema) e estrutura, podemos enquadrar as obras literárias nos gêneros literários seguintes:


• Épico: é a narrativa com temática histórica; são os feitos heróicos de um determinado povo. O narrador conta os fatos passados, apenas observando e relatando os feitos objetivamente, sem interferência, o que faz a narrativa ser objetiva.


• Dramático: é o gênero ligado diretamente à representação de um acontecimento por atores.


• Lírico: gênero essencialmente poético, que expõe a subjetividade do autor e diz ao leitor do estado emocional do “eu-lírico”.



Gênero Dramatico:


A palavra “drama” vem do grego e significa “ação”, logo, é um acontecimento ou situação com intensidade emocional, a qual pode ser representada. No sentido literário, falar de drama é falar de teatro. Este gênero começou com a encenação em cultos a divindades gregas. A princípio os gregos abordavam apenas dois tipos de peças teatrais: a tragédia e a comédia. Algumas peças são bastante conhecidas e lidas até hoje, por serem marcos da dramaturgia da época: Prometeu acorrentado de Ésquilo; Édipo-rei e Electra de Sófocles; Medéia de Eurípedes e Menandro de Antífanes.
Neste estilo literário o narrador conta a história enquanto os atores encenam e dialogam através das personagens. Quanto aos estilos literários, esta modalidade literária compreende:
• Tragédia: representação de um fato trágico que causa catarse a quem assiste, ou seja, provoca alívio emocional da audiência.
• Comédia: representação de um fato cômico, que causa riso.
• Tragicomédia: é a mistura de elementos trágicos e cômicos.
• Farsa: peça teatral de caráter puramente caricatural, de crítica à sociedade, porém, sem preocupação de questionamento de valores.


Gênero Lírico


O termo “lírico” vem do latim (lyricu) e quer dizer “lira”, um instrumento musical grego. Durante o período da Idade Média os poemas eram cantados, quando separados letra e ritmo o poema foi dividido por métricas (a medida de um verso, definida pelo número de sílabas poéticas). A combinação de palavras, aliterações e rima, por exemplo, foram cultivadas pelos poetas como forma de manter o ritmo musical. Logo, essa é a origem da métrica e da musicalidade na poesia. A temática lírica geralmente envolve a emoção, o estado de alma, os pensamentos, os sentimentos do eu-lírico, e também os pontos de vista do autor e, portanto, é inteiramente subjetiva. Este gênero é geralmente expresso pela poesia, contudo, não é toda poesia que pertence ao gênero referido, já que dependerá dos elementos literários inseridos na mesma.
Quanto à forma, da Idade Média aos dias de hoje, o estilo de poema que permaneceu com intensidade foi o soneto, poesia rimada, composta por quatorze versos, dois quartetos e dois tercetos, com métrica composta de versos decassílabos (dez sílabas) e versos alexandrinos (12 sílabas).
Quanto ao conteúdo, predominantemente subjetivo, destacam-se: • Elegia – vem do grego e significa “canto triste”; poesia lírica que expressa sentimentos tristes ou morte. Um exemplo freqüente é “O cântico do calvário” de Fagundes Varela.
• Idílio e écloga – são poemas breves com temática pastoril. A écloga, na maioria das vezes, apresenta diálogo.
• Epitalâmio – na literatura grega é um poema de homenagem aos noivos no momento do casamento. Logo, é uma exaltação às núpcias de alguém.
• Ode ou hino – derivam do grego e significa “canto”. Ode é uma poesia que exalta algo e hino que glorifica a pátria.
• Sátira – poesia que ridiculariza os defeitos humanos ou determinadas situações.


Gênero Epico:


Homero – poeta épico, possível autor de Ilíada e Odisséia
A palavra “épos” vem do grego e significa “versos” e, portanto, o gênero épico é a narrativa em versos que apresenta um episódio heróico da história de um povo. Na estrutura épica temos: o narrador, o qual conta a história praticada por outros no passado; a história, a sucessão de acontecimentos; as personagens, em torno das quais giram os fatos; o tempo, o qual geralmente se apresenta no passado e o espaço, local onde se dá a ação das personagens.
Neste gênero, geralmente, há presença de figuras fantasiosas que ajudam ou atrapalham no curso dos acontecimentos. Quando as ações são narradas por versos, temos o poema épico ou epopéia. Dentre as principais epopéias, temos: Ilíada e Odisséia.
As obras Ilíada e Odisséia são obras atribuídas ao poeta greco-romano Homero, o qual teria vivido por volta do século VIII a. C.. A primeira trata-se da história do último ano da Guerra de Tróia entre gregos e troianos. Quando os troianos seqüestram a princesa Helena, os gregos articulam um plano de resgatá-la por intermédio de um grande cavalo de madeira, chamado de Tróia, o qual é levado à cidade de mesmo nome como presente.
Durante a madrugada, os soldados gregos que estavam dentro da barriga daquele animal madeirado atacam a cidade. Esta obra está dividida em 24 cantos e é composta de versos hexâmetros dactílicos (verso composto de seis sílabas poéticas, com sílabas variadas em uma sílaba longa e duas breves), formato tradicional do período épico grego. Este poema influenciou a era clássica na Grécia e também no Império Romano e permanece como uma das obras mais importantes de toda literatura mundial até os dias de hoje.
A segunda obra trata-se do retorno dos gregos, os quais estavam em Tróia, de volta à Grécia, e é focada na história de Ulisses, personagem principal deste poema. Durante a viagem, Ulisses passa por diversas aventuras e enfrenta personagens mitológicos, como o Ciclope.


Gênero Narrativo:


O termo “narrar” vem do latim “narratio” e quer dizer o ato de narrar acontecimentos reais ou fictícios. Na Antigüidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos surgiu dentro do gênero épico a variante: gênero narrativo, a qual apresentou concepções de prosa com características diferentes, o que fez com que surgissem divisões de outros gêneros literários dentro do estilo narrativo: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente todas as obras narrativas possuem elementos estruturais e estilísticos em comum e devem responder a questionamentos, como: quem?, que? quando? onde? por quê? Vejamos a seguir:


• Narrador: é o que narra a história, pode ser onisciente (terceira pessoa, observador, tem conhecimento da história e das personagens, observa e conta o que está acontecendo ou aconteceu) ou personagem (em primeira pessoa; narra e participa da história e, contudo, narra os fatos à medida em que acontecem, não pode prever o que acontecerá com as demais personagens).


• Tempo: é um determinado momento em que as personagens vivenciam as suas experiências e ações. Pode ser cronológico (um dia, um mês, dois anos) ou psicológico (memória de quem narra, flash-back feito pelo narrador).


• Espaço: lugar onde as ações acontecem e se desenvolvem.


• Enredo: é a trama, o que está envolvido na trama que precisa ser resolvido, e a sua resolução, ou seja, todo enredo tem início, desenvolvimento, clímax e desfecho.


• Personagens: através das personagens, seres fictícios da trama, se encadeiam os fatos que geram os conflitos e ações. À personagem principal dá-se o nome de protagonista e pode ser uma pessoa, animal ou objeto inanimado, como nas fábulas. O que vimos foram os recursos que os estilos narrativos têm em comum, agora vejamos cada um deles e suas características separadamente:


• Romance: é uma narrativa longa, geralmente dividida em capítulos, possui personagens variadas em torno das quais acontece a história principal e também histórias paralelas a essa, pode apresentar espaço e tempo variados.


• Novela: é um módulo mais compilado do romance e também mais dinâmico, é dividida em episódios, são contínuos e não têm interrupções.


• Conto: é uma narrativa curta que gira em torno de um só conflito, com poucos personagens.


• Crônica: é uma narrativa breve que tem por objetivo comentar algo do cotidiano; é um relato pessoal do autor sobre determinado fato do dia-a-dia.


(Fonte: Site Brasil / Escola)




Poética: Aristóteles


A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica, a lírica e a dramática: ( tragédia e comédia). A imitação visa a recriação e a recriação visa aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem apresenta-se de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica apresenta o homem como maior do que realmente é, idealizando-o; a tragédia apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem ressaltando seus vícios ou defeito.


Romance policial segundo a poética de Aristóteles


A palavra romance surge na Idade Média, referindo-se a um modo de falar, típico das línguas românicas em oposição à forma da língua latina. Caracteriza-se como um registro popular e inferior tal como o gênero que futuramente essa palavra vai designar, considerado subalterno em relação a outros mais nobres. Assim, a produção registrada em romance, seja em poesia, seja em prosa, como poemas hagiográficos, epopéia em versos octossilábicos e relatos de estilo romanesco. Caracteriza-se pela ruptura com a oralidade e indica o surgimento de uma nova retórica que marcará futuramente o romance moderno que terá como marcas a presença do cotidiano, a preocupação com verossimilhança, a valorização do individual em lugar do coletivo, a rapidez da narração e o gosto pela amplificação.

Apesar dessas particularidades, definir-se romance tem sido um desafio enfrentado pelos teóricos. Stalloni (2003: 94), com base em Coulet, apresenta uma das primeiras definições desse gênero, a qual foi proposta por Huet em 1670, dando ênfase aos aspectos essenciais dessa modalidade genérica e mostrando sua estreita relação com o espírito da época em que são produzidas as obras que a concretizam e com a necessidade de observância das marcas genéricas:

“O que se chama propriamente de romances são histórias fingidas de aventuras amorosas, escritas em prosa, com arte, para o prazer e a instrução dos leitores. Digo histórias fingidas a fim de distingui-las das histórias verdadeiras; acrescento aventuras amorosas porque o amor deve ser o principal assunto. É preciso que elas sejam escritas em prosa, para que estejam em conformidade como o uso deste século; é preciso que sejam escritas com arte e sob certas regras, pois de outra forma não passariam de um amontoado confuso, sem ordem, nem beleza.”

(Carta ao senhor de Segrais sobre a origem dos romances (1670), reproduzida em Idéias sobre o romance, org. de Henri Coulet, Larousse, 1992, p. 110)

Apesar do pouco caso com que muitos estudiosos tratam o romance, conforme destaca Stalloni (2003:102 apud M. Zeraffa), como Boileau, por exemplo, que não faz referência a ele e outros teóricos que o consideram uma epopéia decaída. Ele se impôs a partir do século XVIII em face das mudanças sociais, tendo passado de expressão menor a gênero quase absoluto por sobrepor-se aos gêneros clássicos.

Nesse período, como exemplo da estreita relação entre mudanças sociais e surgimento e/ou renovação de modalidades genéricas destaca-se o romance policial. Dadas às condições da sociedade, no final da primeira metade do século XIX, surge um novo tipo de romance, nos Estados Unidos, na prosa de Edgar Allan Poe.

É o surgimento de jornais populares dirigidos a um público específico, afeiçoado a narrativa de fatos raros, relatados nesses periódicos. É a nova realidade dos centros urbanos industriais com problemas de insegurança, que levam a população a não confiar na polícia em face de seus quadros serem constituídos por ex-infratores, é a adesão às idéias positivistas e à nova concepção de Homem, é a aceitação de que o criminoso é um inimigo social. Enfim, é o somatório de todos esses fatores que levam ao nascimento do romance policial moderno, o qual teve plena aceitação popular, desempenhando, inclusive, uma função social, o do ócio produtivo.

De acordo com Reimão (1983:18), esse novo gênero introduz um arquétipo literário, o detetive amador, que coleciona enigmas. Nesse sentido, afirma o autor:

“Para Dupin, assim como para a maioria dos detetives posteriores ao chamado romance enigma investigar é um “hobby” um passatempo que se apresenta como um substituto do ócio, e esta será a forma básica de apresentação da narrativa policial ante o leitor – a narrativa policial, pelo menos em seu início, propor-se-á ao leitor como uma agradável e estimulante forma deste último ocupar seu ócio”.

Características:
§ Tem que haver uma solução surpreendente ou uma catarse, caso contrário, o fato será atribuído a baixa qualidade da história, não haverá suspense, e o herói do romance, como sempre, o detetive será o vencedor.

§ Para não atrapalhar o processo intelectual do investigador não pode haver intrigas amorosas.

§ No romance policial é fundamental a presença de um cadáver para causar horror e o desejo de vingança.

§ O culpado deve ser um dos personagens comuns com uma certa importância. Não ser um assassino profissional e nem ser o detetive. O crime deve ser cometido por razões pessoais.

§ A solução do mistério deve estar evidente desde o inicio mostrando ao leitor através de uma releitura da obra o quanto ele foi desatento.

§ As pistas devem estar presente no livro para surpreender o leitor no momento da revelação da identidade secreta do assassino.


Fonte de estudo:
Gêneros Textuais e sua relação com o Passado e o Presente
Dieli Vesaro Palma (PUCSP)



                                                         

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